Notas de tradução
As traduções feitas por colaboradores d’A Outra Margem têm como objetivo contribuir para a difusão dos ensinamentos do mestre zen Thich Nhat Hanh e da tradição de Plum Village entre os falantes da língua portuguesa.
Todas as traduções são feitas por voluntários — em sua grande maioria tradutores não profissionais — e disponibilizadas gratuita e livremente no site e redes sociais d’A Outra Margem.
As traduções são realizadas à luz dos ensinamentos de Thich Nhat Hanh e da tradição de Plum Village, buscando a unicidade estilística e conceitual entre os múltiplos textos.
Processo de tradução
- As traduções são feitas manualmente a partir de conteúdos originais (textos, áudios ou vídeos) em inglês;
- As traduções obedecem à norma culta da língua portuguesa e ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990;
- Observa-se o máximo de literalidade possível nos textos traduzidos, para preservar a integridade da mensagem original;
- Em sua maioria, a ordem original das sentenças nos textos é mantida, reproduzindo o estilo original do(a) autor(a);
- Em casos onde se faz necessário, pode haver inversão de palavras e sentenças para adaptação ao estilo de escrita do idioma original ao da língua portuguesa;
- Em alguns casos (como n’Os Quatorze Treinamentos da Atenção Plena), os textos que originalmente compunham um único parágrafo foram divididos em múltiplos parágrafos para facilitar a leitura. Nenhuma alteração que pudesse afetar o significado do parágrafo original foi feita;
- Alterações que possam afetar o conteúdo original dos textos são sempre evitadas.
Palavras de origem páli ou sânscrita
Segundo a tradição, os ensinamentos de Buda registrados na língua páli por volta do primeiro século antes da Era Comum são a mais antiga coletânea de textos budistas a terem sobrevivido até nossa época. Os textos foram traduzidos para diferentes línguas com o passar dos anos, dentre elas o sânscrito, de onde derivam muitos dos termos comumente utilizados nas traduções para línguas ocidentais.
Em nossas traduções, utilizamos a seguinte lógica para expressar termos em páli ou sânscrito:
- A palavra “Buddha” é sempre traduzida para sua correspondente em português, “Buda”, uma vez que essa versão é altamente popularizada e de mais fácil compreensão pelo público geral;
- Palavras como “bodhisattva”, “sangha”, e “dharma” mantêm sua grafia original, mesmo quando há equivalente linguístico na língua portuguesa (“bodisatva”, “sanga” e “darma”, por exemplo);
- A escolha pela grafia original se dá exclusivamente para manter-se a coesão com termos de mesma origem que não possuam equivalente na língua portuguesa (como dharmacharya e vijnana);
- Em uma tentativa de simplificar a grafia, acentuações gráficas que não são empregadas na língua portuguesa são removidas, tais como ā, ī, ṃ, ñ e ś;
- Os termos em língua estrangeira são marcados em itálico, com a excessão de nomes próprios, palavras capitalizadas, ou aquelas já incorporadas à língua portuguesa.
Uso do termo “compreensão” como tradução para “insight”
Em uma tentativa de evitar o uso de termos anglófonos, para facilitar a leitura aos falantes do português, as traduções feitas por A Outra Margem utilizam a palavra “compreensão” em lugar de “insight”, termo corriqueiramente utilizado em outros textos budistas traduzidos para a língua portuguesa.
Para evitar confusões durante leitura, segue-se uma breve explicação sobre como empregamos o termo:
- “Insight” é a palavra em inglês escolhida em múltiplas obras para traduzir-se o termo páli vipassanā e o sânscrito vipaśyanā, que, literalmente, significam “visão superior” ou “visão especial” (“vi-” quer dizer especial; “-paśyanā” quer dizer visão);
- No contexto dos ensinamentos budistas, “insight” significa enxergar com clareza, profundamente, e de maneira reveladora. Em outras palavras, verdadeiramente compreender o que se vê. Essa compreensão não necessariamente resulta da erudição, mas é fruto da visão correta (livre de limitações) daquilo que se observa;
- Escolhemos a palavra “compreensão” para as traduções pois ela abrange múltiplas formas de entendimento, das mais sutis às mais objetivas. A compreensão pode surgir a partir da visão de algo, mas, necessariamente, só se manifestará se essa visão for correta — superior a ou mais especial do que a visão corriqueira, sendo limitada pelos sentidos e pelas percepções equivocadas.
Embora o termo “compreensão” satisfaça aos objetivos das traduções feitas por A Outra Margem, estamos sempre abertos a revisitar essa e outras palavras, com base nas sugestões da comunidade.
Termos de uso recorrente
Muitas palavras e conceitos-chave do budismo ocorrem repetidas vezes nos textos da tradição de Plum Village. Buscamos padronizá-los sempre que possível, para facilitar o aprendizado e a comparação de diferentes textos.
Oferecemos abaixo uma breve lista dos termos mais usuais e as escolhas de tradução para eles:
- Interbeing: Traduzido em geral como “interser”. Em inglês, be pode também significar “estar” e being pode também significar “existir”. Por esse motivo, termos como interbeing ocasionalmente podem ser traduzidos como “inter-estar” e “interexistir”, caso aplicável ao contexto da frase onde se encontram;
- Mindfulness: Traduzido por nós como “atenção plena”. Em alguns lugares a variante “plena consciência” foi utilizada, quando o termo se referia à consciência em si e não ao ato de viver conscientemente. O termo mindful foi traduzido como “consciente” (e.g. mindful breathing: respiração consciente; mindful walking: caminhar consciente);
- Tenets: Traduzido como “princípios” (e.g. Os Quarenta Princípios de Plum Village). Uma alternativa seria “preceitos”. Optou-se pelo primeiro, no entanto, pois a palavra preceito em português possui a conotação de “regra”, “mandamento”, contrária à lógica de treinamentos frequentemente empregada na comunidade de Plum Village.
Permissão de uso das traduções
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